data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
A falta de chuva dos últimos dois meses tem preocupado os produtores da Região Central. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em dezembro do ano passado, choveu 73 milímetros (mm), menos da metade do que no mesmo período de 2018, quando a precipitação foi de 152 mm. A escassez de chuva, justamente no período de plantação e desenvolvimento das lavouras de soja e arroz, faz com que projeções de quebra da safra comecem a ser feitas.
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Em novembro e dezembro choveu 214 mm, volume bem inferior ao registrado em outubro, quando chegou a 420 mm em Santa Maria, bem mais do que o dobro da média mensal. Em janeiro, o acumulado era de apenas 4 mm até esta quarta-feira.
A Emater estima que, na região, a lavoura de soja plantada contabilize 975,3 mil hectares, 2,3% a mais do que na safra anterior. Já o arroz tem 127 mil hectares de área plantada.
Em função da estiagem, o Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Maria estima uma perda de 20% nas plantações do município. Já a Emater projeta uma quebra de 5% a 6% nas lavouras de soja em toda a região.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
- O prejuízo deve ser disso (20%) para cima. Representa muita coisa. A seca já está dando uma perda substancial de quebra na lavoura. Além disso, a pecuária também está sentindo a estiagem. O pasto não é o que se tinha antes e os reservatórios já estão secando. A soja, que neste período deveria crescer, está estagnada - afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Maria, Sérgio Londero.
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No distrito de Santa Flora, a cerca de 30 quilômetros de Santa Maria, a soja já demonstra os efeitos da estiagem. As folhas estão murchando devido à terra seca. Uma rápida chuva, na última segunda-feira, ajudou a aliviar a situação das lavouras. Mas ainda é necessário mais chuva.
Já em São Sepé, o produtor de uvas Gilmar Ventorini, 58 anos, está preocupado com a falta de chuva. Ele planta um hectare com 900 pés de quatro variedades, na localidade de Tupanci, e espera colher 15 toneladas na safra deste ano, projeção que pode ser prejudicada. O agricultor arrenda 20 hectares para plantação de soja e teme prejuízos.
- Com esta seca, em uma semana a uva amadurece bastante, e tem pés murchando. A estiagem também está prejudicando a soja, que nasceu mal e parou. E é uma área grande de soja aqui em São Sepé. Até o pasto para o gado está cinzento - revela.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Edjor Borges
Caminhão pipa abastecendo localidade de Faxinal
"SEGURO"
O planejamento para irrigar o plantio é a melhor alternativa para se prevenir de secas, orienta o engenheiro agrônomo Roblein Cristal Coelho Filho, da Emater de Santa Maria. O investimento é um "seguro" para épocas de pouca chuva.
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- A orientação é que se pense na seca ainda quando está chovendo. Claro que para este ano não tem como. Mas não adianta fazer açude, manancial na seca. Tem que fazer quando está chovendo para ter água reservada. Ainda existem políticas públicas para o pequeno, médio e grande produtor, linhas de crédito para investimento em irrigação, para reserva e equipamentos - diz.
A plantação de culturas com ciclos mais longos também contribui para driblar a seca.
- O agricultor fica menos suscetível a problemas de déficit hídrico. Quando mais curto o ciclo, se não chover no período de floração, compromete a produção. Quando mais longo, a floração pode se distribuir no período de cultivo - orienta Coelho Filho.
RETORNO DA CHUVA
Enquanto os primeiros dias do ano tem reservado escassez de chuva aos produtores, a expectativa, ao menos nos próximos dias, é que ela retorne à região. Segundo a meteorologista Andressa Lorena, da Somar, o acumulado deve chegar a 15mm até o próximo final de semana. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), indica um acumulado de mais de 100mm até o dia 13 de janeiro em parte do centro do Estado.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
- Há uma frente fria avançando em direção ao Rio Grane do Sul. Existe uma previsão de chuva um pouco mais volumosa, que deve atingir a metade sul e centro do Estado. Já nas próximas semanas, há condições de chuva, mas para a Metade Norte - afirma a meteorologista.
A previsão de chuva, no entanto, não retira a preocupação dos agricultores. A expectativa, agora, fica por conta do volume. Segundo o gerente da Emater Regional, José Renato Cadó, o principal beneficiado com a chuva será a soja.
- Em função do estágio da cultura da soja, deverá fazer bastante diferença na plantação, já que estamos ainda no desenvolvimento vegetativo. Mas, mesmo assim, as chuvas precisam ser mais constantes - avalia.
Em São Gabriel, um caminhão-pipa da prefeitura tem levado água para os moradores do interior. Em Pinhal Grande, o abastecimento chegou a ser racionado em dezembro.
Hoje, prefeitos da região participam, em Porto Alegre, de uma reunião na Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para tratar da seca. Não está descartado, inclusive, um decreto de emergência coletivo dos municípios, como ocorreu no ano de 2012.
- Fizemos um levantamento com os municípios (da região), mas ainda não tem nada decidido. A reunião é especificamente para tratar desse assunto - diz o presidente da Associação dos Municípios das Região Centro e prefeito de Restinga Sêca, Paulo Salerno (MDB).
QUANTO CHOVEU EM SANTA MARIA (em mm):
- Setembro: 79,8
- Outubro: 420,2
- Novembro: 141
- Dezembro:73
- Janeiro: 4
A PRECIPITAÇÃO TOTAL NA REGIÃO ENTRE 1° E 6 DE JANEIRO (em mm):
- Agudo, Cacequi, Pinhal Grande, Santiago, São Francisco Assis, São João Polêsine, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Silveira Martins, Tupanciretã: 0
- Restinga Sêca: 5
- Nova Palma: 20
- Jaguari: 23
- Dona Francisca: 43